Carvalho secular

Tenho um fascínio por este Q. pirenaica ou Carvalho negral, mesmo na berma da estrada Portalegre- Marvão. Os 40 cm de diâmetro do meu chapéu, são pouco mais do que um ponto, nos 4,30 m de perímetro do seu tronco.
Provavelmente mereceria uma classificação de acordo com legislação específica....
Por enquanto, continua, para um olhar mais demorado, mesmo ao lado do contentor do lixo, no ancoradouro da estrada, feito para este.
Ao que apurei a Câmara de Portalegre integra um grupo de dez municípios, em todo o país, que subscreveu e adotou legislação específica para proteção dos carvalhos genericamente considerados. Onde se incluem também azinheiras (Quercus rotundifolia) e sobreiros (Quercus suber). Parece-me que as Câmaras de Marvão e de Castelo de Vide, ou de Nisa, já fora do Parque, ainda não foram por aí.
Não sei se há hesitações nesse sentido, mas é provável, dado que tal seria acrescer restrições no uso da floresta, nem sempre bem entendidas pela comunidade que habita estes municípios, integrados no Parque Natural da Serra de São Mamede, mais habituada "ao que não se pode fazer" do que a desfrutar de condições favoráveis por viver num Parque e, muitas vezes, com mais contributos para a sua manutenção e gestão do que as autoridades administrativas.
Eu próprio ouvi remoques de quando se soube da decisão do município de Portalegre.... e tentei explicar nas conversas que, regularmente, mantemos por aqui, ou quando nos juntamos à mesa (ou nos ficamos, pelo balcão) do café
Mas não é dispiciendo lembrar que possuímos neste Nordeste do Alentejo uma da maiores manchas florestais de Pirenaica e de outras espécies de carvalhos da Europa, desde o concelho de Nisa, ao longo do IP2 e mais para dentro, para terminar na Urra, passando pelos Fortios. Mais os da Serra de São Mamede e da Serra de São Paulo, fronteira a Castelo Vide. Estes, com condições climatéricas mais favoráveis, são particularmente frondosos e alguns são seculares.
Por si só, o argumento da defesa deste património ecológico, em prol da biodiversidade, nos tempos que correm, já seria de peso. Mas há outros.
Mação e Oleiros devastados em 2003 pelo, incêndios brutais, tal como São Mamede e arredores - que para mim indiciaram que algo estava a mudar na relação incêndios/clima/tipo de floresta - voltaram, muito recentemente, a ser fustigados e, de novo, de forma cruel.
São Mamede e São Paulo permanecem praticamente incólumes. Sendo supersticioso quanto baste, até tenho medo de dizer isto, não vá o diabo tecê-las. Mas começam a ser evidente - como no incêndio de Marvão - a proteção complementar que pode vir de Castanheiros e .... Carvalhos, à medida que pinheiros e eucapliptos recuam, como se pode ver na primeira das fotos. Podiam recuar mais mas tem vindo a acontecer, grandemente por obra e graça das populações locais, e é de registar. Com frequência os carvalhos, das diferentes espécies, até tomam espontaneamente o seu lugar, dados os factores favoráveis. Ora aqui temos, possivelmente, pela visibilidade




sociopolitica dos incêndios o argumento porventura mais decisivo.

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