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A mostrar mensagens de julho, 2020

Tanta silva, tanta amora....

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A quem não foi contada a crença, presente na tradição popular, do homem com o molho de silvas às costas? Coisa dolorosa, certamente, a lembrar castigo.... Em primeiro lugar, por ter sido colocado na lua, silhueta que se avista completa, em dias de Lua Cheia. Em segundo lugar, por ter trabalhado ao Domingo. Imaginem, dia Santo. Sempre me fez confusão e por duas razões: em tempos de penúria era preciso trabalhar todos os dias e não chegava; e, depois, como outras coisas, entre o Sagrado e o Profano, alguém devia fechar os olhos, a tal desmando a Deus, para que tudo ficasse na mesma: os mais poderosos iam à missa e os mais vulneráveis continuavam a trabalhar... À parte isso, com a gaiatagem da minha rua, que, às vezes, estendíamos à rua de cima ou ao largo de baixo, para aumentar o contingente, caso estivéssemos "em paz", partíamos às amoras silvestres.... O costume era apanhar e comer. Pouco importava o pó acumulado - que dizíamos que as conservava - ou se estavam quentes. Prej...

Meloas e Melões na Serra

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Continuo na Horta! Acima dos 650 metros de altitude melões e meloas dificilmente se dão. Até se criam mas é preciso que tenham doce... Sem os truques da produção dita moderna e em grande escala. Mas eu insisto, procurando melhores exposições ao sol e variedades menos exigentes. Este ano semeie/plantei tarde - dado que esteve a chover e fez frio até final de maio. Mas lá vêm, alimentando o prazer de ver os frutos crescer e desenvolver-se!~ Assim publiquei no FB esta manhã! Ainda há pouco passei pela horta dos vizinhos e, também eles, já semeiam melões e meloas. E lá estavam, bonitos de rama, mas abrigados com o feijão verde e o tomate de trepar. Expostos a nascente para melhor aproveitarem o sol e protegidos do vento de norte/nordeste. Sei que uso também um belíssimo estrume de galinhas e patos. Em anos anteriores trocámos sementes de variedades que importei, com o selo de sementes orgânicas, tanto de França, como de Espanha ou Itália. Eram variedades adaptadas a temperaturas mais baixa...

Os morangos da minha horta e jardim

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As hortas urbanas, com os mais variados estratagemas (cultivo em terraços ou em tectos são exemplos) e as hortas comunitárias são uma marca dos novos tempos. Estas últimas são mesmo uma característica fundamental do chamado Cohowsing ou Habitação Colaborativa, a par de outros serviços comuns.  Por questões de ecologia e de consumo: produtos frescos e de produção própria. Reservo os comentários sobre os morangos de grande porte dos hipermercados, assim como sobre as alfaces.... A minha horta é rural à maneira das velhas quintas da Serra, com os seus espaços de árvores de fruto, árvores autóctones, como sobreiros e carvalhos, pasto para o gado, de pousio ou de cultivo, e horta. Ou mais horta/jardim como no meu caso. De cultivo biodinâmico - que um dia hei-de tentar explicar - para ser coerente, pela prática, com a causa ecológica.  Assim, mesmo quando o físico não é o melhor, sou tentado a mexer em qualquer coisa. Com esta canícula, normalmente pela fresquinha da quase madrugada...

Carvalhos, sobreiros e azinheiras 2

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Com este este excerto, retirado do excerto da obra mais vasta, publicado em Marvão: Words and wiews de Domingos Bucho e Raul Ladeira, gerei forte e informada discussão entre os especialistas e também daquele que todos consideram neste domínio, Carlos Vila Viçosa, sobre Azinheiras, Carrascos ou Sardoeiras no grupo do FB sobre os Carvalhos de Portugal Atestam o contributo no modo como o conhecimento evoluiu, permanecendo sempre incompleto, neste âmbito. "Em 1799, o Conde de Hoffmansegg realizou uma última viagem a Portalegre e a Marvão....) (...) Em redor de Portalegre, há também muitos carvalhos que produzem uma bolota comestível. Já me referi a esta árvore, TI, p. 152 a 191. É espantoso como uma árvore tão notável, que forma florestas inteiras em Portugal e em Espanha, e de que se come o fruto em Madrid e arredores e que o Ecluse descreveu há mais de duzentos anos, seja tão pouco conhecida dos botânicos modernos. Lineu confundiu esta espécie com o "quercus ilet", uma árv...

Carvalhos, azinheiras e sobreiros - 1

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Azinheiras da Serra, incêndios e demais! Mais habituado a vê-las na planície, fascina-me aqui, montanha acima, as raízes que lançam para se agarrarem a este solo vermelho! Mancha de azinho de São Julião, Serra de São Mamede. Que bem escapou aos vorazes incêndios de 2003! E ainda não voltaram contrariamente ao que atualmente sucede em Oleiros onde tudo o que regenerou, desordenadamente, desde aí, maioritariamente pinheiros, voltou a arder. Depois de em 2017 e 2018 ter acontecido em Mação. Confesso que tenho medo desta constatação.... não vá dar azar ao que são Mamede se refere. Aqui, estou em crer, não nos valem só as azinheiras, mas os muitos carvalhos que embelezam e protegem este meu espaço e os circundantes, os castanheiros e os muitos novos pomares de cerejeiras. Há também novos olivais, de novas espécies, mas restritos a pequenos espaços e longe da intensividade do que sucede no outro alentejo...

Malvas

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Ir às malvas...... Li algures, em texto de botânico encartado, daqueles que são capazes de ir pelo mundo fora à procura de uma subespécie de um determinado género, que, no género Malva, esta é a mais bonita. Estou de acordo, assim como na consideração de que só a Malva hispanica, de pétalas mais arredondadas pode ombrear com ela. (A Malva sylvestris, muito mais abundante, também não é feia). Trata-se da Malva tournefortiana cuja beleza se mantém até largar as sementes, por julho dentro, depois de em maio se apresentar pujante e decorativa na paisagem, em plena floração. É, por isso, de "ir às malvas", não para debelar qualquer maleita, referência ambígua, no discurso popular, aos seus poderes curativos, ou "desta para melhor" no refinamento malévolo dos dizeres do povo, mas para as apreciar no seu contributo estético para a configuração das belezas naturais.

Os orégãos no Alentejo

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Sobre os Orégãos No Alentejo tinham uso preferencial no “adoçar” das azeitonas. Sim, dado que as azeitonas se “adoçavam”, deitando-as no pote, mergulhadas em muita água e sal, para lhes retirar o “amargor”, com sucessivas mudas das águas. Donde a expressão, “mudar a água às azeitonas”, também conotada com outros agires. Depois, juntavam-se os orégãos – com caules, folhas e flores - e outras coisas mais a gosto, consoante o gosto e os costumes do lugar. Uma boa sopa de tomate, vazada no tarro, e migadas as sopas, tinha a enfeitá-la e dar-lhe gosto, na "crosta" superficial, dois ou três pés de orégãos que, à tirada da tampa, exalavam! Na panela onde se amolecia o queijo, o óleo dos pés de orégão e o azeite, produziam a mistura perfeita que abrandava o dito e encantava o palato. Por isso, se apanhavam aos molhos, em monturos, beiras dos caminhos, muros de pedra e afins. Estes que fotografei dariam dois ou três molhos, nos adentros do que foi a romana Ammaia e Olhos d'Agua. H...