Carvalhos, sobreiros e azinheiras 2

Com este este excerto, retirado do excerto da obra mais vasta, publicado em Marvão: Words and wiews de Domingos Bucho e Raul Ladeira, gerei forte e informada discussão entre os especialistas e também daquele que todos consideram neste domínio, Carlos Vila Viçosa, sobre Azinheiras, Carrascos ou Sardoeiras no grupo do FB sobre os Carvalhos de Portugal

Atestam o contributo no modo como o conhecimento evoluiu, permanecendo sempre incompleto, neste âmbito.

"Em 1799, o Conde de Hoffmansegg realizou uma última viagem a Portalegre e a Marvão....)
(...) Em redor de Portalegre, há também muitos carvalhos que produzem uma bolota comestível. Já me referi a esta árvore, TI, p. 152 a 191. É espantoso como uma árvore tão notável, que forma florestas inteiras em Portugal e em Espanha, e de que se come o fruto em Madrid e arredores e que o Ecluse descreveu há mais de duzentos anos, seja tão pouco conhecida dos botânicos modernos. Lineu confundiu esta espécie com o "quercus ilet", uma árvore do Sul da França e cuja bolota não é comestível. Só Desfointaines apresentou uma descrição pormenorizada desta árvore, na Academia das Ciências de Paris, e deu-lhe o mesmo nome da sua Flora Atlântica T II, p. 350. Encontrou-a perto de Argel e pensou que era igual à árvore portuguesa e espanhola. Penso que fomos nós os primeiros a efectuar observações rigorosas sobre esta árvore em Portugal e em Espanha e a determinar a sua espécie"

No fim dos muitos comentários sobre géneros, espécies e subespécies, "lavrei" o último assim:

O que eu sei é que, em gaiato, na minha aldeia - Santa Eulália, concelho de Elvas - parte mais ao sul do distrito de Portalegre, de muito menor pluviosidade, nós marcávamos as azinheiras. Por várias razões, relacionadas com brincadeiras ou outras coisas mais de adultos, como a caça que se podia esconder nos seus troncos ocos, retorcidos e envelhecidos.
Mas, principalmente, por darem bolotas doces, ou menos amargas. E lá voltávamos a cada ano. Sempre menos amargas, mas variando o doce de ano para ano. Era dos taninos, aprendi agora, aos 64 anos, pelo 
Carlos Vila-Viçosa
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Disputávamos mesmo, entre nós, quem conhecia mais azinheiras doces. As mais doces assávamos e as menos doces também marchavam... Normalmente com pão, que, na boca, se adocicavam. Seria da conjugação amido-taninos? Fica mais uma pergunta para satisfazer a minha leiga curiosidade!
Ah. Como estávamos longe de saber que era um Quercus no género, espécie (ou subespécie) rotundifolia, ballota, ilex, com toda a evolução do saber científico, mais os sinónimos que persistem e os taxons e nomenclaturas.... Acharíamos que não estava bom da cabeça algum mais informado que trouxesse estas coisas à conversa
Éramos mais fugrais - que palavra! - no conhecimento que tínhamos do nosso universo! Fica uma foto, com saudade...

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